O Dispositivo de Proteção contra Surto (DPS) é um componente eletrônico projetado para salvaguardar equipamentos contra picos de tensão e surtos elétricos. Seu funcionamento baseia-se em desviar, absorver e dissipar a energia excedente gerada por esses eventos transitórios, evitando que alcance dispositivos sensíveis e cause danos.
Os DPS utilizam varistores de óxido metálico (MOV) como seus principais componentes ativos. Esses varistores têm a capacidade de variar sua resistência elétrica em resposta à tensão aplicada. Quando ocorre um surto, a resistência do MOV diminui, permitindo que a energia excessiva seja desviada para o dispositivo de aterramento, protegendo os equipamentos conectados.
Além do varistor de óxido metálico, um DPS pode conter outros elementos, como fusíveis térmicos, indicadores luminosos de status e dispositivos de desconexão em caso de falha. A combinação desses componentes forma um sistema robusto que não apenas protege os aparelhos, mas também indica quando o DPS pode precisar ser substituído devido a danos.
A história do DPS está diretamente relacionada ao aumento do uso de eletrônicos sensíveis nas décadas de 1960 e 1970. Com o avanço tecnológico, tornou-se evidente a necessidade de proteger esses dispositivos contra os danos causados por surtos elétricos. Os primeiros dispositivos de proteção contra surtos eram rudimentares, utilizando tecnologias como descarregadores de gás.
Ao longo dos anos, os DPS evoluíram com o desenvolvimento de varistores de óxido metálico mais eficientes e tecnologias avançadas de proteção. A demanda crescente por eletrônicos cada vez mais sensíveis e a conscientização sobre os riscos dos surtos elétricos impulsionaram a inovação na concepção e fabricação desses dispositivos.
Atualmente, os DPS são parte integrante de sistemas elétricos em residências, empresas e indústrias, sendo obrigatórios em quase todas as situações previstas na ABNT NBR 5410. Eles desempenham um papel crucial na proteção contra eventos transitórios que poderiam comprometer a integridade de equipamentos eletrônicos valiosos. Esses dispositivos contribuem significativamente para a estabilidade e durabilidade dos dispositivos conectados, proporcionando uma camada essencial de segurança elétrica.
Agora que já compreendemos o DPS, surge a dúvida sobre sua instalação. Muitas pessoas questionam se o DPS deve ser instalado a montante (antes) ou a jusante (depois) do disjuntor e principalmente sobre o porque ele não fecha um curto já que a entra Fase e sai Terra dele
Primeiro de tudo, quero deixar claro que, de acordo com a norma NBR 5410, existe tanto a possibilidade da instalação do DPS no ponto de entrada da linha elétrica na edificação (Padrão de Entrada) quanto também dentro da residência no QDG (Quadro de Distribuição Geral) por tanto o texto a seguir serve para ambos os casos.
É crucial compreender que, durante um surto, o DPS redireciona rapidamente a sobretensão para o sistema de aterramento, ocorrendo em uma fração de segundos, o que impede o disjuntor de detectar essa transferência. Apesar de aparentar estabelecer um curto-circuito entre a fase e o terra, o DPS, ao detectar um surto, fecha um curto-circuito tão rapidamente que não causa danos à instalação elétrica.
O problema surge quando o DPS atinge o final de sua vida útil, indicando que o circuito interno não pode mais realizar a conexão rápida com o terra. Em alguns casos de falha do DPS, pode ocorrer um curto-circuito permanente entre a fase e o terra, representando um problema grave. Para abordar essa questão, a norma NBR 5410 estabelece regulamentações para o uso de dispositivos de proteção específicos para o DPS, conhecidos como dispositivos de desconexão, que podem ser inclusive o disjuntor. Dessa forma, em situações de curto-circuito permanente devido à falha do DPS, o disjuntor entra em ação, desarmando-se e impedindo a fuga de corrente para o terra.
Em resumo, a norma permite a instalação do DPS tanto antes quanto depois do disjuntor, desde que, se colocado antes, o próprio DPS possua internamente um dispositivo que permita a sua desconexão. Essa escolha impacta no funcionamento contínuo do sistema, uma vez que, ao colocar o DPS antes do disjuntor, o sistema permanece operacional, mas perde a proteção imediata contra futuros surtos. Por outro lado, a sua instalação após o disjuntor geral é a mais recomendada, pois o Disjuntor atua como dispositivo de desconexão, desarmando e assim alertando sobre a necessidade da substituição do DPS que atingiu o fim de sua vida útil.